Mário Dinis Marques & Gonçalo Pescada

 

Mário Marques e Gonçalo Pescada fazem de cada concerto um encontro idiomático de dois instrumentos que se fundem com uma elegância surpreendente, sugerindo ao ouvinte uma diferente forma de ouvir. A reunião de competências numa heterogeneidade musical (mais do que conglomerado de géneros musicais), caracterizam este duo, numa viagem interpretativa, que extrapola a música enquanto conjunto de ideias musicais fixadas em partitura numa tentativa de elevar o papel do músico ao de um elemento ativo e mesmo fundamental no processo musical. O processo descreve o momento que começa na composição, o gesto criativo, até ao momento da fruição auditiva. Assim, ao elevar a importância e papel da interpretação, este duo, assume, a par da intenção de propor um ato criativo na interpretação, uma visão intuitiva e comunicadora do gesto musical.
Este projeto surge como um verdadeiro tributo aos mestres Astor Piazzolla e Richard Galliano pelo contributo inolvidável que deram à História da Música Universal. A mescla de “Novo Tango” com a “Nova Musette”, onde a abordagem aos fundamentos rítmicos do fraseado em jazz e a improvisação aparecem como elementos inovadores, mas ao mesmo tempo, também de escrita musical fidedigna às ideias originais dos compositores.
“O primeiro contato com o músico e amigo Mário Marques surgiu no aniversário da Escola de Artes da Universidade de Évora, em maio de 2016, no âmbito do concerto a solo, por mim realizado, no Museu de Évora. A facilidade e naturalidade com que se construiu a primeira obra Tango por Claude e a sonoridade e fusão do acordeão com o saxofone soprano constituíram o mote para uma parceria de sucesso.” Gonçalo Pescada O encontro entre o acordeonista francês Richard Galliano (n. 1950) e o compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla (1921-1992) deu-se em 1980 em Paris. Astor Piazzolla encorajou fortemente Richard Galliano a criar um novo estilo para a musette francesa que seria denominado, mais tarde, por “New Musette”, tal como ele (Astor) tinha anteriormente re-inventado o tango argentino que apelidou de “New Tango”. Ainda a propósito destes encontros entre ambos, Piazzolla disse a Galliano: “a tua imagem como acordeonista de Jazz está longe de ser americanizada. Não serve. Redescobre as tuas origens francesas. Precisas de reinventar a Nova Musette tal como eu inventei o Novo tango.” Segundo David Keen da revista Free-Reed: “a transformação passava por pegar em música folk e popular e transformá-la em música precisa, forma organizada, orquestrada e escrita em partitura. O principal problema seria encontrar um grupo de músicos de formação clássica que conseguisse tocar um tango, uma valsa ou uma balada com swing.” É esta também, a visão e abordagem com que este duo se compromete.

Mário Dinis Marques, saxofone
Nasceu em 1972 na cidade de Alcobaça. É doutorado em performance na Universidade de Évora na qual é professor auxiliar no Departamento de Música da Universidade de Évora onde também desempenha as funções de diretor do Licenciatura em Música. A solo tocou com Orquestra das Beiras; Orquestra do Centro, Banda Sinfónica Portuguesa; Banda Sinfónica da P.S.P. Banda da Armada Portuguesa, Sinfonietta de Lisboa e a Banda Sinfónica de Alcobaça.
Colaborou em vários programas de televisão e teatro musical e gravou com diversos grupos portugueses como The Gift; Silence4; Deolinda; Bernardo Sassetti, Amália hoje entre outros. Tem ainda como seus projectos pessoais os grupos Tubax, Rondó da Carpideira, The Postcard Brass Band, o duo Gonçalo Pescada & Mário Marques e o Quarteto de Saxofones Saxofínia, onde para além de músico, trabalha na produção e edição discos. Tem merecido o crédito de vários compositores como Daniel Bernardes, António Vitorino D´Almeida, Daniel Schvetz, Luís Cardoso, Christopher Bochmann, Eurico Carrapatoso, Clotilde Rosa, Jerry Grant, Petri Keskitalo, Howie Smith entre outros que lhe têm dedicado diversas obras musicais quer a solo quer aos seus vários grupos. Músico multifacetado e produtor musical de diversos discos tem aplicado essa experiência no estudo da interpretação musical e prática performativa, apresentando artigos em diversas conferências. É membro fundador da Associação Portuguesa de Saxofone e membro do painel organizador do II Congresso Europeu de Saxofone/Porto2017. É artista da marca Cannonball saxofones e D´áddario palhetas.

Gonçalo Pescada, acordeão
Iniciou os estudos musicais no Algarve e continuou a sua formação em Lisboa (Instituto Musical Vitorino Matono), Castelo Branco (Escola Superior de Artes Aplicadas) e França (Centre National et International de Musique et Accordéon), concluiu em 2014 o Doutoramento na Universidade de Évora onde também desempenha as funções de Professor Auxiliar Convidado. Entre outros, obteve o 1º Prémio no Concurso Nacional de Acordeão (Alcobaça, 1995) e o 1º Prémio no Concurso Internacional “Citá di Montese” (Itália, 2004). Com o 1º Prémio no Concurso de Interpretação do Estoril (Portugal, 2006), Gonçalo Pescada viu a sua carreira tomar um rumo internacional, realizando recitais em Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Itália eBulgária. Apresentou-se como solista com a Orquestra do Algarve, OrchestrUtopica, Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, Orquestra Filarmonia das Beiras e Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direcção dos grandes maestros Cesário Costa, Osvaldo Ferreira, Michael Zilm, Nikolay Lalov, Susana Pescetti, entre outros. Foi convidado a participar em Festivais de enorme prestígio como o 33º Festival de Música do Estoril, Dias da Música em Belém 2008, 30º Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim e 39º Sofia Music Weeks International Festival (Bulgária) e apresentou- se em salas incontornáveis como o Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, Bulgária Hall e Queen Elizabeth Hall (Londres). Tem gravado para rádios e televisões. Foram editados em 2012 os CD Encontros(duo com piano) e Astor Piazzola (solista com orquestra). (duo com piano) e Astor Piazzola (solista com orquestra).

Discos