Erica Buettner

 

O segundo LP de Erica Buettner, The Book of Waves, é um disco cuja paleta de cores abrange tons de folk, psych-pop e refrões cativantes unificados pela mão firme da força singular de Buettner enquanto criadora de palavras.

Este follow up a True Love and Water (Peppermoon Music), de 2013, foi preparado ao longo dos anos e o seu lançamento marcou a conclusão de um capítulo da história de Buettner que foi conquistado com muito esforço.

Em 2016, Erica Buettner tinha a sua carreira musical em pleno andamento, após vários anos de digressão pela Europa, na sequência do lançamento e relançamento de True Love and Water, que recebeu críticas brilhantes. Esgotou lotações e vários espaços, tanto em locais intimistas, como o The Slaughtered Lamb, em Londres, como em grandes festivais como o One of a Million Festival, na Suíça, o Reeperbahn e o Tarantella Folk Festival, no sul de Itália.

A faixa-título True Love and Water foi tocada na BBC6 no Reino Unido e até foi tocada por Bernard Lenoir na France Inter.

Durante anos, Buettner abraçou o espírito do “faça você mesmo”, marcando frequentemente os seus próprios espetáculos e fazendo-se à estrada sozinha com uma guitarra às costas. Percorreu, assim, o seu país de adoção, Portugal, de Norte a Sul, tocando em teatros, centros comunitários, clubes e festivais.

Durante este período, cantou o dueto Don’t Leave Tonight com o músico português Frankie Chavez, que chegou ao topo das tabelas portuguesas. Além disso, lançou o álbum colaborativo We Won’t Leave Any Trace com o músico parisiense Dana Boule, como a sua banda The Resident Cards.

Em 2016, decidiu mudar-se para Nova Iorque para estar mais perto da família, depois de uma década inteira a viver em França e Portugal.

Um diagnóstico de cancro da mama surgiu pouco depois, rápida e inesperadamente, virando o seu mundo do avesso. Com o seu disco quase terminado, a cantora colocou a sua música em espera durante dois anos, enquanto lutava simultaneamente contra uma forma agressiva de cancro.

Depois de um árduo ano e meio de tratamento e de ter sobrevivido para contar a sua história, Buettner focou pronta para celebrar as canções em que estava a trabalhar antes e durante a sua doença, canções que escreveu enquanto vivia em Portugal e que foram largamente inspiradas pelo tempo que lá passou.

As canções de The Book of Waves foram gravadas com uma abordagem semelhante à do seu primeiro lançamento: num estúdio caseiro em Paris com o produtor Pierre Faa, em Montmartre, mesmo ao pé do Sacré Coeur.

No entanto, desta vez, os arranjos de Faa, as partes de teclado e as texturas eletrónicas juntam-se à participação de um grupo de músicos e amigos de Lisboa, Paris e da costa leste dos EUA, incluindo Helena Espvall (violoncelo), Frankie Chavez (guitarra eléctrica), Jean Gillet (percussão e baixo), Vincent Mougel (baixo), Lo Brifo (baixo), Dennis Shafer (clarinete e saxofone tenor), James Hart (percussão de mão) e um dueto com o guitarrista de jazz francês Paul Abirached.

As canções foram misturadas por James Hart num acolhedor estúdio caseiro em Hudson Valley, NY e masterizadas por Chicky Reeves nos Sublime Studios em Londres.

Um álbum eclético e cheio de palavras, The Book of Waves encaixaria bem numa coleção com Angel Olsen, Marissa Nadler e Leonard Cohen. E, no entanto, a voz de Erica é tão hipnótica e como as suas palavras são pungentes, reforçando a sua capacidade única como compositora para lançar um feitiço que é todo seu.

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